A palavra aramaica "Abba" - que significa papai - expressa muito bem quem é o verdadeiro Deus dos cristãos: Aquele que quer se relacionar conosco como o nosso Papai, o Deus que é amor incondicional...





segunda-feira, 21 de março de 2011

Tá doendo!

           

            Graças a Deus há pessoas equilibradas e coerentes dentro das comunidades cristãs! Mas sempre há alguns que tentam defender a idéia de que o cristão não pode adoecer. Se adoece, dizem eles, é porque está "em pecado"... Há aqueles que crêem, sinceramente, que quando Deus não nos cura através da oração, devemos determinar a cura e ignorar os sintomas. Sobre tudo isso já escreveu, em 1995, o reverendo Caio Fábio, no pequenino livro "O Privilégio de Simplesmente Dizer: Tá Doendo!" Ele conta a história de como quase morreu por não aceitar que precisava de médico, como qualquer ser humano precisa.

            A Bíblia, inclusive, conta a história de como alguns homens fiéis a Deus sofreram com suas enfermidades. Jacó e Eliseu, por exemplo, morreram em consequência de suas doenças (Gn 48:1-22 e 49:1-33; II Reis 13:14-20). Paulo fala ao povo da Galácia que esteve entre eles porque estava doente (Gl 4:13) e faz recomendações a seu grande amigo e filho na fé, Timóteo, pois era alguém muito abalado pelos problemas de saúde (I Tm 5:23). Diz ainda que Epafrodito esteve bem perto de morrer, depois de ter adoecido (Fl 2:25-28).

           Saber que o sofrimento, a dor e a doença fazem parte da vida de qualquer ser humano, por mais espiritual que seja, fez toda a diferença para mim. Evitou que me tornasse fanático. E fez com que eu tivesse estrutura para suportar os males que a vida nos traz, sem abandonar a fé. Não é porque ainda não fui curado de uma enfermidade dolorosíssima que sou um crente de segunda linha. Inclusive, Deus deu capacidade aos médicos para fazerem grandes intervenções e salvarem a muitos. Glória a Deus pela vida dos médicos!

           Somente através da fé madura podemos aprender que as maiores tristezas e as maiores alegrias são passageiras na vida. Mas vivendo pela fé em Cristo, temos um permanente estado de paz. Ainda que, às vezes, fiquemos preocupados e transtornados, nunca estamos completamente desesperados. É isso que tem me sustentado na pior fase da minha vida. Hoje, por exemplo, consigo entender que, ocasionalmente, é preciso abrir mão de estar ao lado de quem se ama, justamente para que o outro seja feliz e isto será bom para todos os envolvidos. O amor verdadeiro não é egoísta, mas altruista, pois deixa o outro livre.

           Não tenho dúvida que Deus pode curar qualquer enfermidade, física, mental ou espiritual. Mas hoje entendo que nem sempre isso ocorre, por motivos que nós não podemos explicar. Mas, em todo caso, sigo orando e pedindo a Deus que, se for possível, passe de mim esse "cálice", mas que, contudo, seja feita a vontade dele, assim como Jesus orou. Gostaria muito de me ver livre tanto do cálice da dor física como o da dor emocional. Porém, tenho consciência  de que, por vezes, a falta de cura do corpo pode curar a alma...

           Precisamos nos libertar desse peso de acharmos que não podemos adoecer, de que não precisamos de médicos, psicólogos, etc.

           "Só Deus sabe a quantidade enorme de vítimas angustiadas dessa doutrina (do não adoecimento dos crentes) que andam desoladas pelo país, vendo-se como as criaturas mais abomináveis e desprezíveis da Terra . Afinal, o que se diz que funciona sempre com quem tem fé, não funcionou com elas."      
Caio Fábio

            Tenho de admitir que, algumas limitações físicas e algumas tragédias emocionais acabam, algumas vezes, desenvolvendo qualidades em outras áres da vida, até então inibidas. O coração de Deus é realmente um grande mistério. Ninguém pode compreender a mente e os caminhos do Senhor. Mas certamente sairei dessas experiências traumáticas da vida com muito mais força e confiança para lidar com as contingências da existência humana... Obrigado, Senhor, por cada dia de vida. Os dias bons e aqueles que não são tão bons assim. Obrigado pelos amigos que me cercam e pelos irmãos que me abençoam, pois posso ver a Tua face neles... Obrigado, Senhor...       
           

O jeito cristão de viver a vida


              Vivemos num mundo onde, cada vez mais, estimula-se o individualismo e o consumismo. As pessoas hoje querem resolver seus problemas com um estalar de dedos, como se fosse mágica. Queremos ser felizes a todo custo, sem pensar nos outros. Todos nós, no fundo, procuramos o sentido pra vida o tempo todo. Caçamos a felicidade e achamos que vamos encontrá-la na pessoa amada, num bom emprego, num carro novo ou quando formos pais ou mães. Não é raro pensarmos: "Eu serei feliz quando acontecer isso ou aquilo..."

              Mas a felicidade não está na pessoa amada, num bom emprego, num carro novo ou nos filhos. Tudo isso é ótimo e traz muita alegria. Mas a essência não está nas coisas ou nas outras pessoas. Na minha pouca experiência de vida, aos 26 anos, percebo que só encontramos sentido para a vida quando temos uma proposta existencial bem definida. E não há melhor proposta existencial do que o Reino de Deus, visto através da espiritualidade sadia.

             No meu caso, não adiantou tentar me esconder. Mesmo quando eu me revoltava e fingia não ouvir o chamado de Deus, eu sabia que Sua graça é irresistível. Hoje sei que só me sinto feliz se desfrutar das coisas espirituais que estão disponíveis através do exame das Escrituras, da prática do amor, da comunhão com os irmãos e da oração.

            Não importa o quanto eu tentei viver fora dos caminhos de Deus para a minha vida. Ele sempre demonstrou seu amor e cuidado, deu-me dons que sei que não são naturais, mas servem para que eu ponha em prática o amor ao próximo (da mesma forma que Cristo nos ama). Portanto, o jeito cristão de viver a vida não é um jeito chato, intransigente, incoerente ou fanático. É um jeito leve, divertido, coerente, saudável e principalmente amoroso.

           Viver com Jesus é muito bom porque te dá a sensação de vida plena. Sinto-me muito feliz sendo discípulo de Cristo, pois olho para a vida com olhar de quem tem um profundo senso de liberdade. Essa liberdade de poder fazer aquilo que gosto e que convém é excelente! Pois sei que tudo me é lícito, mas nem tudo convém... E Deus não me obriga a fazer nada, nem deixar de fazer nada. Apenas me orienta e me ensina o caminho mais saudável para uma vida de plenitude. Por isso eu amo ser seguidor de Jesus!