A palavra aramaica "Abba" - que significa papai - expressa muito bem quem é o verdadeiro Deus dos cristãos: Aquele que quer se relacionar conosco como o nosso Papai, o Deus que é amor incondicional...





domingo, 9 de janeiro de 2011

Alguns esclarecimentos

            

                Gostaria de deixar bem claro que o fato de que escrevo periodicamente alguns textos neste blog, ou o fato de que freqüento uma comunidade de tradição protestante batista, ou mesmo o fato de ser declaradamente alguém que tenta ser discípulo de Jesus, não quer dizer, como alguns supõem, que me sinto mais santo, puro, ou iluminado que os outros. Apenas achei que tinha algumas questões a compartilhar e me sentiria egoísta em guardar apenas para mim as coisas que entendo que estão me sendo mostradas pelo Espírito Santo. O problema é que algumas pessoas nunca entenderam como funciona a graça de Deus. Aquele que está debaixo dela, é capaz de se reconhecer pecador e errante todos os dias.

                Não tenho a mínima dúvida da minha miserabilidade espiritual. Sei que sou falho e conheço alguns dos meus defeitos há bastante tempo. A diferença é que tento, todos os dias, lutar contra eles. Sei muito bem o que fizeram de mim, mas tento a cada dia fazer o melhor que posso com aquilo que fizeram de mim... Escrevi por entender que seria importante para alguém ler sobre coisas que o angustiam e que eu já experimentei. É por isso que escrevo: não por arrogância, mas na tentativa de ajudar alguém, assim como  sou ajudado... Até mais...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A parábola da bola


             
                Os dez homens importantes sentados ao redor da bola discutiam acaloradamente:

– A bola é grená, disse um.

– Claro que não, a bola é bordô, retrucou outro em tom raivoso.

              Todos estavam fascinados pela beleza da bola e tentavam discernir a cor da bola. Cada um apresentava seu argumento tentando convencer os demais, acreditando que sabia qual era a cor da bola. A bola, no centro da sala, calada sob um raio de sol que entrava pela janela, enchia a sala de uma luminosidade agradável que deixava o ambiente ainda mais aconchegante, exceto para aqueles dez homens importantes, que se ocupavam em defender seus pontos de vista.

– Você é cego?, ecoou pela sala gerando um silêncio que parecia ter sido combinado entre os outros nove homens importantes. Era até engraçado de observar a discussão – na verdade era trágico, mas parecia cômico. Todos os dez homens importantes usavam óculos escuros, cada um com uma lente diferente. Talvez por causa dos óculos pesados que usavam, um deles gritou “você é cego?”, pois pareciam mesmo cegos.

               Depois do susto, a discussão recomeçou. O sujeito que acreditava que a bola era cor de vinho debatia com o que enxergava a bola alaranjada, mas um não ouvia o que o outro dizia, pois cada um usava o tempo em que o outro estava falando para pensar em novos argumentos para justificar sua verdade. Aos poucos, a discussão deixou de ser a respeito da cor da bola, e passou a ser uma troca de opiniões e afirmações contundentes a respeito das supostas cores da bola. A partir de um determinado momento que ninguém saberia dizer ao certo quando, os dez homens tiraram os olhos da bola e passaram a refutar uns ao outros. Em vez de sugestões do tipo: – A bola é vermelha, todos se precipitavam em listar razões porque a bola não era grená, nem cor de vinho, nem mesmo alaranjada.

               De repente, alguém gritou: – Ei pessoal, onde está a bola? Todos pararam de falar – estavam todos falando ao mesmo tempo, e foi então que perceberam um alarido parecido com aquelas gargalhadas gostosas que as crianças dão quando sentem cócegas. Correram para a janela e viram uma criançada brincando com a bola, que parecia feliz sendo jogada de mão em mão. Ficaram enfurecidos com tamanho desrespeito com a bola. Ficaram também muito contrariados com a bola, que parecia tão feliz, mas não tiveram coragem de admitir, afinal, a bola, era a bola.

              Lá fora, sem dar a mínima para os dez homens importantes, estavam as crianças brincando e se divertindo a valer com a bola que os dez homens importantes pensavam que era deles. E nenhuma das crianças sabia qual era a cor da bola.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Vocação profissional e Reino de Deus

          

(Especialmente para Kharolyna!)



             Uma das fases mais delicadas de nossas vidas é aquela em que não sabemos o que fazer de nossa vida profissional. Longas noites em claro e muitos conselhos diferentes fizeram parte da minha trajetória. Cada semana pensava em seguir uma profissão diferente. Desde jogador de futebol até desenhista industrial, passando por escritor, professor e por aí vai...

            Certa vez ouvi um pai contar a história do filho que, ainda criança, disse aos pais quando estava no banco de trás do carro  o seguinte: 
- Papai... Mamãe..Quero ser lixeiro! 
- Ah! Muito bem, meu filho! Por quê? - perguntou o pai.
- Porque eu quero usar um colete que brilha no escuro igual a esse aí do lixeiro!!!

            É engraçado, mas muitos de nós optamos por carreiras pelos motivos mais estranhos que se possa imaginar. Lembrando dos momentos de indecisão pelos quais passei e percebendo a angústia de uma simpática colega, que passa por esse dilema, resolvi tentar ajudar para, pelo menos, amenizar a ansiedade por causa da indecisão.

            "Você sabe que tem uma vocação quando seu conjunto de talentos, capacidades e habilidades está identificado. Os conceitos de inteligências múltiplas e de dons e ministérios indicam que todas as pessoas são dotadas de recursos para realizações úteis. Quando somos conscientes dos recursos que nos são inerentes ou que recebemos e ou adquirimos ao longo da vida, podemos discernir melhor a contribuição que podemos dar para o bem comum."  
Ed René Kivitz - Pastor Batista


            Em outras palavras, a oração é muito importante em todos os momentos de nossas vidas, inclusive nos momentos em que temos de fazer escolhas. Porém, se observarmos bem, Deus também age nos dotando, ao longo de nossas vidas, de dons para fazer coisas que fazemos espontaneamente e com excelência. E a confirmação de que aquilo é a nossa vocação vem quando as pessoas começam a nos elogiar e nos incentivar a prosseguir naquele rumo.

            Quando Jesus diz que o Reino de Deus já começou (Mt 12:28), Ele diz que está inaugurado um novo tempo. Tempo em que o Universo começa a ser redimido. Nós sabemos que a redenção completa só se dará na eternidade, mas isso não nos isenta da responsabilidade de colaborarmos como agentes deste Reino. Fazemos isso não só nas atividades da igreja, mas em todos os ambientes dos quais participamos. Quando seguimos nossa vocação e nos dedicamos à profissão buscando a excelência, estamos sendo sinais do Reino de Deus aqui na Terra.

            Assim, na nossa carreira profissional, seremos sal e luz quando nos enxergarmos como filhos de Deus no local de trabalho, sendo os melhores profissionais que pudermos ser e fazendo aquilo que sentimos que nascemos para fazer. É essa a maneira de trabalharmos em harmonia com Deus para pôr um pouquinho de ordem, de cosmos (beleza organizada) nesse mundo de caos. A humanidade precisa de médicos, professores, garis, pedreiros, técnicos de informática, advogados, donas-de-casa, etc. Devemos usar os dons que recebemos do Pai em favor de um mundo melhor, ainda que saibamos que este mundo tem seus dias contados.

        Certamente você tem habilidades que muitas pessoas elogiam e que você usa com naturalidade e prazer. Talvez seja justamente essa a sua porção de contribuição para a sociedade, sem falar que vai ser o instrumento que Deus vai usar para te dar o pão de cada dia. E não se esqueça: é dom de Deus e, não, sua capacidade e seu mérito.