A palavra aramaica "Abba" - que significa papai - expressa muito bem quem é o verdadeiro Deus dos cristãos: Aquele que quer se relacionar conosco como o nosso Papai, o Deus que é amor incondicional...





segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A Igreja e a mulher no mundo contemporâneo



No século primeiro a mulher era apenas mais uma propriedade do seu marido. Ela era considerada pecadora e mentirosa por natureza. Seu testemunho em um julgamento tinha pouco valor. Não por acaso, após a ressurreição, quando Jesus apareceu às mulheres, estas correram e contaram aos apóstolos, mas não tiveram crédito. Afinal, elas eram consideradas pessoas pouco confiáveis.

Vivemos num mundo em que as mulheres continuam sendo desvalorizadas. No nosso país, algumas dentre elas mesmas estão cantando que são comparáveis aos bichos, sem mencionar as frutas. Apesar das grandes conquistas obtidas recentemente – dentre as quais se encontram o direito ao voto e o ingresso no mercado de trabalho – elas continuam a ocupar um espaço reduzido na sociedade. Foi somente a partir da 1° Guerra Mundial que as mulheres começaram a ter uma notável participação no mercado, pois com os homens em combate, muitas delas assumiram suas funções na produção industrial.

O próprio fato da necessidade de haver um dia para que se homenageie a mulher é prova de que ainda não absorvemos a idéia de que os dois gêneros estão no mesmo patamar de importância e valor. A despeito de evoluções como a criação da Lei Maria da Penha, as mulheres continuam sofrendo com tudo quanto é tipo de violência: no lar, no trabalho e na sociedade em geral. Continuam recebendo bem menos que os homens que ocupam a mesma função, enfrentam com bravura a dupla jornada e aquelas que trabalham exaustivamente em seus lares não têm seu trabalho reconhecido.

Mas o que a Igreja tem a ver com tudo isto? Explico. Sabemos que nós, os discípulos de Jesus, estamos postos no mundo como sal. O sal, à época do Novo Testamento, era utilizado para conservar os alimentos e evitar que eles apodrecessem. Assim deve ser o cristão no mundo: aquele que evita que o mundo se afunde na sua podridão. Segundo a Bíblia Sagrada, também somos luz, por isso devemos iluminar as trevas em que o mundo se encontra. Jesus mesmo fez questão de valorizar as mulheres. O apóstolo Paulo afirma que: “Em Cristo, não há diferença entre homens e mulheres” (Gl 3:28)

Sabemos que Deus tem expectativas diferentes para cada um, mas a submissão de que trata a Bíblia em nada se assemelha à falta de cidadania, muito menos à escravidão. Se traçarmos uma linha divisória de classificação das coisas entre “morte” e “vida”, chegaremos a uma conclusão. Por exemplo: desespero: morte. Paz: vida; poluição ambiental: morte. Desenvolvimento sustentável: vida; uso de drogas: morte. Compaixão: vida; desigualdade social: morte. Amor: vida. E Jesus disse: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10:10). Portanto, quando lidamos com a desigualdade de direitos entre homem e mulher, falamos de uma questão de dignidade. E devemos lutar para que ambos a tenham, porque assim, lutamos pela vida.

O Reino de Deus é o ambiente onde a justa vontade do Pai é feita. A Igreja tem o papel de sinalizar, aqui na Terra, o máximo possível do Reino que se consumará na eternidade. A dignidade intrínseca ao ser humano faz parte da imagem e semelhança de Deus em nós e a Igreja tem a vocação de iluminar o mundo com este ensinamento. Que possamos dar a homens e mulheres o mesmo valor, em todos os setores da sociedade. Então, poderemos aplaudir de pé a competência, dedicação, beleza, simpatia e o carinho que só elas possuem.
25/04/10. Denilson Basílio Costa