A palavra aramaica "Abba" - que significa papai - expressa muito bem quem é o verdadeiro Deus dos cristãos: Aquele que quer se relacionar conosco como o nosso Papai, o Deus que é amor incondicional...





terça-feira, 27 de julho de 2010

Ele veio morar em nós


            O grande mistério revelado por ocasião do Pentecostes é este: Cristo veio habitar em nós. Este é o diferencial do Cristianismo. Geralmente os movimentos religiosos buscam um ser maior que está fora deles, em algum lugar distante, para que este ser venha aqui e resolva nossos problemas. O cristão afirma que o Espírito Santo habita dentro dele. Por isso nossas orações pedem para que Ele nos fortaleça para que nós possamos resolver os problemas.

           Sabemos que não seremos livrados de todos os males do mundo, porque o nosso Deus, o Pai de Jesus, faz o sol se levantar sobre justos e injustos. E nos avisa: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me;" (Mat 16:24). Tomar a cruz pode ter vários significados, um deles é o de saber que está sujeito a dores fortíssimas. Jesus nunca prometeu vida fácil àqueles que se tornassem seus discípulos, quem faz isto são alguns religiosos contemporâneos que prometem bênçãos materiais a quem seguir seus "7 passos para sei lá o que..."

           Sofrimento. Muitas vezes é isso que acontece com qualquer pessoa, cristã ou não-cristã. Não há nenhum contrato que mencione uma bolha de proteção para os seguidores fiéis de Jesus. Mas Ele nos garantiu que estaria conosco em toda e qualquer situação: "Eis que eu estou convosco todos os dias” Mateus 28:20. Esta é a nossa alegria.
         
          Podemos até não entender porque estamos sofrendo, mas sabemos muito bem em quem temos crido e temos a convicção de que Ele está sendo formado em nós, num processo de aperfeiçoamento, longo, porém, eficaz . Por isso pedimos que nos capacite a superar as crises e, não, que nos isente de todas elas. Essa é a maneira como o nosso Deus trabalha nos tempos da graça. Bendito seja o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo!!!

Mais do mesmo


                    É importante sabermos que a afirmação cristã de que o nosso Deus é o Pai de Jesus Cristo não significa, necessariamente, que seja um Deus diferente do Deus de Israel, da Bíblia Hebraica - ou do Antigo Testamento. O que alguns de nós entendemos é que Ele é o mesmo em sua essência, mas mudou radicalmente a forma de lidar conosco quando se revelou por completo na pessoa do Seu Filho. Antes era "olho por olho, dente por dente". Antes imperava a justiça retributiva. Cada um tinha o que merecia. Agora, nos tempos da graça, nós temos o privilégio de saber que o nosso Deus, na verdade, é aquele que manda amar e perdoar os nossos inimigos.
             
                  Se você tiver dúvida sobre o posicionamento de Deus em alguma situação, olhe para Jesus nas Escrituras e você saberá como Ele é. Ele se esvaziou do seu "todo-poder" para encarnar como "todo-amor". A palavra da Bíblia Sagrada que melhor define o nosso Pai não é o poder, é o Amor. Por isso ele optou por não exterminar os maus, mas resgatá-los através da multiplicação dos bons. "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único Filho, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna" (Jo 3:16). Seja você também um multiplicador de amor!

Uma dimensão de vida


               É curioso o fato de não nos darmos conta de que, assim como a corporeidade e a racionalidade, a espiritualidade é uma dimensão de nossa vida. Ninguém questiona que a dimensão corpórea do ser humano
é algo importantíssimo, por isso existem os médicos, fisioterapeutas e professores de Educação Física. Ninguém acha estranho que uma pessoa leia, estude e se desenvolva intelectualmente. Mas muitas pessoas entendem que a espiritualidade tem de ficar em segundo plano.

              Não estou falando, necessariamente, sobre religião. É possível ser religioso sem ser espiritual e também é possível ser espiritual sem ser religioso. Todos temos a dimensão humana chamada espiritualidade, assim como todos temos corporeidade e racionalidade. Religião é apenas a forma de vivenciarmos a nossa espiritualidade. Na espiritualidade cristã, é importante que consigamos perceber que o cristão é um agente colaborador. É alguém que trabalha junto com Deus para que esse caos que é o mundo se transforme em cosmos - beleza organizada.
            
              Certamente você pode não se preocupar muito com nenhuma das suas dimensões de vida. Mas, para cada negligência, há suas consequências. Em algum momento da vida, por melhor que seja a pessoa, ela precisará de uma estrutura espiritual para suportar as contingências da vida. Você pode até ignorar a espiritualidade, mas ela existe e é real. Por isso, quer você seja consciente ou não, há disputas sendo feitas por sua causa. Você escolhe dar importância ou não. Mas Cristo deseja habitá-lo e transformá-lo em mais um agente do Bem, a serviço de Deus e do próximo. Deus nos abençoe!

Por que Deus não acaba com o mal?



                Não é raro nos depararmos com algumas questões existenciais que deixam os teístas (Aqueles que acreditam em Deus) em situação difícil. Uma delas é esta: se Deus existe e se Ele é bom, por que Ele não acaba com o mal? A Filosofia e a Teologia têm, inclusive, uma disciplina que serve para tentar explicar esse dilema. É a Teodicéia.
     
               Na verdade, o mal, como ente autônomo, não existe. O que existe são seres (pessoas ou espíritos) maldosos. O mal é o resultado do afastamento que alguns seres têm de Deus, por causa de suas escolhas, fruto do livre-arbítrio. Já dizia Albert Einstein: Assim como a física entende que o frio não existe por si mesmo (é apenas ausência de calor), e a escuridão também não tem existência própria (não passa de ausência de luz), o mal é apenas a constatação do distanciamento da bondade, que emana abundantemente do Criador.

              Se nós somos aqueles que estamos sendo transformados para que cheguemos a toda plenitude de Cristo, temos de ser os agentes da bondade. É conosco que Deus conta para que o mal seja exterminado. Se Ele destruísse o mal, teria de destruir o malvado, o maldoso. A forma que o Pai usa para acabar com o mal é multiplicando os bondosos. Se você for um agente do Reino de Deus e do amor, você é parte do processo de extermínio do mal no mundo.

              E chegará o dia em que o pai da maldade, o pai da mentira, será eliminado para sempre. Enquanto esse dia não chega, precisamos cooperar com o Pai para que este mundo seja minimamente habitável, o menos caótico possível. Assim seremos parceiros nessa grande agência, que é o Reino de Deus.

"Abba": O Pai de Jesus


              "Abba" é uma palavra de origem hebraica que significa "papai" falada por uma criança. Seria algo como: "papa"...

              De forma geral, a religião institucionalizada tenta nos empurrar goela abaixo a imagem de uma divindade cruel, que nos amaldiçoa e vive nos censurando em tudo o que fazemos. Essa divindade mata e manda matar em seu nome. Faz distinção entre espaço sagrado e profano, quer ser adorada num dia específico e exige sacerdotes profissionais que realizam um culto em homenagem a ela.

             O Deus que Jesus nos apresenta nada tem a ver com isto. O Pai de Jesus se revelou por completo através dele, deixou claro que o cristianismo não precisa de templos e de dias santos para existir, nos ensinou que a verdadeira adoração ocorre através da prática do amor ao próximo e que seu desejo não é lançar bolas de fogo sobre aqueles que não o aceitam.
             Realmente não é nada interessante para o mercado religioso - o mercado da ilusão - que alguém pregue um Deus que nos ama como somos, apesar de não nos deixar como estamos. Pois isto acabaria com a indústria da fé. Por isso tentam, até hoje, escondê-Lo. Afinal, as pessoas querem mesmo é um Deus poderoso para fazer o que elas desejam, dar-lhes a vitória e "colocá-las como cabeça e não como cauda". Ninguém quer um Deus que manda perdoar, que avisa que vamos sofrer muito por Ele e que quer transformar egoístas e egocêntricos em gente que dá a outra face.
            Ele é aquele que ensina a orar pelos nossos inimigos, que perdoa as nossas dívidas. Por isso, nos encoraja a fazer o mesmo. Em suma, é o Amor em si mesmo. Ele não está preso a lugares, objetos ou dias sagrados. Ele é aquele que nos ensina a serví-Lo através do serviço ao próximo. É um Deus que se importa com as pessoas. Esse, sim, é o Deus e Pai de nosso senhor Jesus Cristo, como já disse o apóstolo Paulo. E é, também, o nosso Pai, o nosso "Abba".